1. |
Corpo
03:33
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Vontade de mudar
E de ter passos para dar
Para acumular às desistências
Eu tenho boas referências
Eu nem sei se semeei o vento
Mas entretanto eu já colhi a tempestade
E ponho sempre a cabeça no tempo
Só que este tempo já não é para a minha idade
Conta outra história
Que eu já estou curto de memória
Tipo, como estou?
Onde vou?
Quem me dera ter um sósia
Eu nem sei se semeei o vento
Mas entretanto eu já colhi a tempestade
E ponho sempre a cabeça no tempo
Só que este tempo já não é para a minha idade
Sempre a adivinhar o meu lugar
Contar quanto tenho para dar
Sempre a cogitar no que há de vir
Se isto são problemas
São para rir
Se isto são problemas
Eu nem sei se semeei o vento
Mas entretanto eu já colhi a tempestade
E ponho sempre a cabeça no tempo
Só que este tempo já não é para a minha idade
Quero muito mais que só sentir
Quero assimilar e transgredir
Quero ser conselho e confessar
Ser lavado e ressuscitar
Quero ser um corpo solto
Um porto à espera de nada
Sorver um mar
Ser um lugar
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2. |
Plástico
03:59
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Fazem um ar zangado
De quem não quer falar
Cruzam os olhos de lado
Com medo de espreitar
Têm cuidado no passo
Graça de artista só
Muitas manias no trato
A mim só me dá dó
E oh!
É tão fácil ver
Que é só plástico
Oh, eu também quero ser
Só de plástico
Vesti a indumentária
Que hoje eu vou aparecer
A crítica é binária
Quase tudo para esquecer
É festa, não presta, não tem valor
Focado, ao lado, só causa dor
Porque, oh!
É tão fácil ver
Que é só plástico
Oh, eu também quero ser
Só de plástico
E eu sei que é difícil de aceitar
Que eu tenho a minha arte no falhar
E ando à toa
E oh!
É tão fácil ver
Que é só plástico
Oh, eu também quero ser
Só de plástico
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3. |
Moderno
02:44
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Sei lá
Sei lá falar
Quero ser articulado e o tempo a acelerar
Tenho medo e pela certa
Deixo a porta aberta
As madrugadas são só minhas
Acordado a pensar
Sou tão moderno que
Deixei de dançar
Sou tão moderno que
Deixei de comer
Sou tão moderno que
Deixei de sofrer
Sou tão moderno que
Não respiro ar
Lá no país
No país-festival
Podes falar dentro da bolha
Que ninguém leva a mal
Saudades de um mundo moderno
Um tom de voz mais terno
A realidade só complica
E está cravada de sal
Sou tão moderno que
Deixei de dançar
Sou tão moderno que
Deixei de comer
Sou tão moderno que
Deixei de sofrer
Sou tão moderno que
Não respiro ar
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4. |
Dores
02:42
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Meto a mão à consciência
Fico à espera da paga
Foi longa a madrugada
Mas não há nada para contar
Só para fãs de violência
Levo a noite tipo chaga
Só mais uma hora brava
E mais corpo para queimar
Tenho as dores no sítio certo
Esquecer o manifesto
A certeza para afogar
Ver as caras a apagar
O nadir da gente esperta
Tanto copo indigesto
Ver o mundo a melhorar
E morrer ao acordar
Agarrado ao que resta
Tenho as dores no sítio certo
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5. |
Sempre assim
06:10
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Pouco tempo para ficarmos sós
É melhor que nada
Prometemos mas não damos nós
Nem compramos casa
Juntamos trapos
Fazemos ceia
Ficamos fracos
À sexta-feira
E que seja sempre assim
Que o que é melhor para ti
Também é melhor para mim
Não bebemos das colheitas más
Fazemos asneiras
Temos medo de ficar para trás
Ficar sem ideias
Sonhamos alto
A noite inteira
Poupamos largo
Semana e meia
E que seja sempre assim
Que o que é melhor para ti
Também é melhor para mim
E até ao deitar
Suspiro ao duvidar se acabou
Sou cabeça no ar
Mas disto não me levam
Que eu estou bem aqui
E que seja sempre assim
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6. |
Muito para dar
03:25
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Se é para meter conversa
Não faço cerimónia
Não digo sempre a coisa certa
Nos copos não há parcimónia
Mais um dia à espera
Do meu potencial
Da coroa de louros
De impostor a maioral
Lá estou eu a vacilar
Banhado em comiseração
Estou nesta vida convencido que
Eu tenho muito para dar
Eu tenho muito para dar
Estendes-me a mão
Passo o dia a verter
Morrer por falta de noção
Fiz tudo para o merecer
Mais um dia à espera
De me iluminar
Dou tanto às pernas
Mas estou sempre aqui no meu lugar
Eu sou um profissional
Do tratamento visual
A causar impressões sou atleta
E tenho muito para dar
Eu tenho muito para dar
Tantas pontas soltas
Eu tenho para atar
Mas nem troco certo
Eu tenho para dar
De amargo eu já nem sinto
Que ideia é que eu pinto
Eu tenho muito para dar
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7. |
Dia feliz
03:24
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Quando levo a mão à porta
Vou sem qualquer emoção
Feito natureza morta
Passo a passo em sucessão
Mas que maneira de estar
A ver navios a passar
À espera de uma hora nova
Ou de desculpa para voltar
Hoje foi um dia feliz
Tratei o que tinha a tratar
Voltei de onde tinha de vir
Hoje foi um dia feliz
Nada de novo a relatar
E então, como foi para ti?
O dia feliz
Levo um aperto no peito
Para isso é que eu andei na escola
Primeiro aprender o conceito
Mais tempo até saltar a mola
Mas que maneira de estar
A ver os dias a passar
Heróis do quotidiano
Ou marinheiros de outro mar
Hoje foi um dia feliz
Tratei o que tinha a tratar
Voltei de onde tinha de vir
Hoje foi um dia feliz
Nada de novo a relatar
Então, como foi para ti?
O dia feliz
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8. |
Obra
04:28
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Se me dou de oferta
Se me dou não digas não
Tenho um mal à perna
Tens-me a comer-te da mão
E era tua obra
Se eu fosse tela para pintar
Se me dou de oferta
Se me dou não digas não
Que eu sou a sombra do teu passo
Eu sou desenho do teu traço
E era tua obra
Se eu fosse tela para pintar
Se eu fosse pano de sobra
Era vestido para usar
Se me dou de oferta
Se for livre de razão
Eu quero ser cara lavada
E ter em ti minha morada
E era tua obra
Se eu fosse tela para pintar
Se eu fosse pano de sobra
Era perfume para usar
Esgotou-se a novidade
Ficou guardada a recordação
Bom demais para ser verdade
Muito cedo para redenção
Para ser a tua cama feita
O pão para devorar
Ocupar o meu lugar
Sentado à tua direita
E era a tua obra
Se eu fosse tela para pintar
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9. |
Bom rapaz
05:21
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A viver no mundo livre
Só com gente esperta
Não tens de ser inteligente
Quando hà mais oferta
Troco a minha consciência
Pelo lado fera
Lá se vai a paciência
Para ficar à espera
Ando há tanto tempo a ser um bom rapaz
E nunca foi por falta de imaginação
Quero perder a vergonha
Mas não sou capaz
E correr tudo de estoura
Com o que tenho à mão
A crítica em Lisboa assobia para o lado
Toda a gente caga pinta e um programa de rádio
Espreme lá mais conteúdo
O mundo está com pressa
Já que sobram poucas vidas
Para fazer conversa
Ando há tanto tempo a ser um bom rapaz
E nunca foi por falta de imaginação
Quero perder a vergonha
Mas não sou capaz
E correr tudo de estoura
Com o que tenho à mão
Eu não quero viver no fim da história
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