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G​ó​tico Portugu​ê​s

by Glockenwise

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  • Gótico Português - Limited Edition 12'' Vinyl (Marble)
    Record/Vinyl + Digital Album

    pt
    Edição limitada de Gótico Português em disco de vinil transparente com efeito mármore.
    Fotografia de capa por Renato Cruz Santos, no Museu de Lamas.
    Artes gráficas por Irina Pereira.

    en
    Gótico Português' limited edition marble effect vinyl record.
    Cover photo by Renato Cruz Santos at the Museu de Lamas.
    Desing by Irina Pereira.

    Includes unlimited streaming of Gótico Português via the free Bandcamp app, plus high-quality download in MP3, FLAC and more.

    Sold Out

1.
2.
Margem 06:57
Que dia violento Noves fora Saímos mesmo na hora Diria que estou a inventar A vida na margem Com tendência para deslumbrar Vieste ao sítio certo Toda a gente se respeita Cada um com a sua seita Ninguém fica descoberto E aqui ninguém se espanta Se qualquer gente canta Cantar Cantar Sempre a andar Lançar Lançar O isco à água Esperar Picar Não pescas nada Cantar Cantar Sempre a andar Um pouco sem saber Com que roupa fui vestido Em que caixa fui guardado Que trajeto foi traçado O que é de mim pretendido Quem sou suposto parecer Quem é que fez esta escada Que eu não consigo ascender Vou tentando todo o dia Toda a gente quer que eu ria Mas não consigo esquecer Que tentei na escada errada Não sou uma história nova Não sou vinho que se prova Ainda não sabia andar Já esperava a coisa amada Já aguardava passagem Que me levasse da margem Mas a vida anunciada Não me queria aceitar Disse tantas coisas certas Dediquei tantas ofertas Não me queria aceitar
3.
Besta 03:47
Nesta casa cheia Vergonha de te olhar Estás em casa alheia Com pinta de teu lar Bazar Agora Agora nem tu sabes Se valeu ou não Agora não contavas Com a toalha ao chão Dar por vencida Esta vida não presta E o pouco que resta A lamber a ferida Beijar o meu amigo Contar comigo Para ser uma besta Lar Bazar Agora Calçar as meias de outro Os sapatos não Poupar-me de virtudes E largar-te a mão Dar por vencida Esta vida não presta E o pouco que resta A lamber a ferida Beijar o meu amigo Contar comigo Para ser uma besta Não paramos para pensar Falar Depressa Pessimismos para acabar Tão sós Na mesma É tudo natural Paciência Esta merda afinal É só Cadência
4.
Natureza 04:08
As temporadas não importam Ao ritmo que vou As temporadas não importam Nem se nota Quando passam Nem se notam E é difícil precisar onde estou Passei a noite inteira a decidir o que sou Passaste a noite inteira a adivinhar o que sou Perto Certo Então Sou uma sombra, deixa a luz entrar A minha natureza forçada a vergar Eu nem tive paz Nem fiz por mal Eu nem sei Se mudou ou se está tudo igual As namoradas não se importam Que trengo que sou Os namorados não importam Nem se nota O que fazem Nem eu noto Primeira aberta e saio logo a voar Sem parar Tenho uma certa ideia que não posso aceitar Sem matar Tens uma certa ideia que não posso aceitar Sem matar Perto Certo Então Sou uma sombra, deixa a luz entrar A minha natureza forçada a vergar Eu nem tive paz Nem fiz por mal Eu nem sei Se mudou ou se está tudo igual Então Sou uma sombra, deixa a luz entrar A minha natureza farta de vergar Eu nem tive paz Nem fiz por mal Eu nem sei
5.
O corpo dá sinal De vida Inalar estas essências Conhecer outras ciências Preparo as minhas projeções Estou certo A cabeça sente oscilações Mas o sentido está desperto São tantas as imagens que me assaltam Sou forçado a ter de recuar Conjuro a segurança que me falta Dou um passo em direção ao ar E vou tentar E vou entrar Aqui estou Esperava por ti Estás cheio de sorte De me encontrar Tenho o corpo a ferver Mas consigo ver Mesmo a delirar Um perigo de morte Quem me abraçar Teria tanto para dizer A quem me receber Quem quiser ousar Escutar A calma regressou Respiro Aclarar coisas escuras Oferecer outras leituras Consulto as minhas devoções Estou perto A passada tem crepitações Mas o sentido está correto São tantas as palavras proferidas Sou forçado a ter de questionar As Moiras não previram esta farsa Que me cabe agora decifrar E vou tentar E vou entrar Estás cheio de sorte De me encontrar Tenho o corpo a ferver Mas consigo ver Mesmo a delirar Um perigo de morte Quem me abraçar Teria tanto para dizer A quem me receber Quem quiser ousar
6.
Meus olhos apagados, Vede a água cair. Das beiras dos telhados, Cair, sempre cair. Das beiras dos telhados, Cair, quase morrer... Meus olhos apagados, E cansados de ver. Meus olhos, afogai-vos Na vã tristeza ambiente. Caí e derramai-vos Como a água morrente Camilo Pessanha, Clepsydra
7.
8.
Lodo 04:36
Não para de apertar Aqui de peito aberto Ó pai As forças a esgotar E nunca estive tão certo A Lua nova não vai durar Contigo por perto Ainda vai dando para aguentar Que importa? Que importa o que há de vir? A medo A mão O ar pesado Olhar o chão De ontem não sobra nada É crer, em vão Na vida transformada Oh não As forças a esgotar E nunca estive tão certo A Lua nova não vai durar Contigo por perto Ainda vai dando para aguentar Que importa? Que importa o que há de vir? Não me lembrava já Que eu venho do lodo, amor Com a mania da aversão Eu venho do lodo, amor Com a mania da perseguição Eu venho do lodo, amor Do lodo, amor E que importa o que há de vir?
9.
Bem sei Que estou em falta Por muito que empurre não quer sair Não me espanta Não me cansa Deixar encher Por muito que peça não quer fluir Chover Como é que não me cansa Se eu não aguento mais? Como é que não me cansa Estar partido em três Forçado a ter A minha vez? Se vem a onda Espero Sempre a fazer promessas para o ar Pasmado à sombra De tudo o que quero Sincero mas Sensível ao olhar Tentei Fingi fulgor do nada Mas claro que não basta parecer mandar Não me espanta Não me cansa Deixar ferver Mas claro que não basta parecer queimar Doer Como é que não me cansa Se eu não aguento mais? Como é que não me cansa? Nesta partida a três Julgava ser A minha vez Se vem a onda Espero Sempre a fazer promessas para o ar Pasmado à sombra De tudo o que quero Sincero mas Sensível ao olhar Que arranquei de ti Vergonha é o que me falta Tenho esta inércia para compensar Para mitigar Uma harmonia falsa A queimar por dentro Nós temos tempo Sossego é o que me falta Resta viver no mundo que sobrar Consolidar o que guardei de ti Sei que vieste ao engodo Mas disse que venho do lodo Disse que venho do lodo
10.
11.
Vida vã 07:46
Precipitar-me Espero que não leves a mal A mea-culpa é honesta É para mudar De ar Esperar dizer Qualquer coisa sincera E se bastasse apenas ignorar Manter a ânsia toda no lugar Esta vontade a impor-se para saber O peito a encher O que falta? O que falta? E se E se falhar Sem força para perder A despejar o mal de mim A navegar assim Um mar de ti Afinal Sem querer Sem querer, amor, vencer Se houver outra forma Consigo até acreditar Consigo até livrar O mal de mim Afinal Tudo a girar Cabeça a arder Queria ser uma coisa discreta Ao tropeçar na minha direção Entrei no circo Estendi a mão O Porto sempre Cidade-anã Os olhos postos Na vida vã Os certos Os mansos A reação Que me queriam prostrado A beijar o chão Atentos Aguardam a confissão Eu já larguei tudo O que falta? O que falta? Não ver Nem hesitar Rendido sem saber Se imaginaste um par em ti Se é certo o que eu já vi Guardado aí Afinal Tentar Tentar, amor, manter Desta ou de outra forma A vida inteira num lugar A minha fica aqui Tão certo em ti Afinal Sem querer Sem querer adormecer Vem lá Vem-te embora Insisto em complicar A vida inteira num lugar Ficava aqui até ao final Ao final

about

pt
Os Glockenwise formaram-se na margem. Na margem geográfica, em Barcelos, uma  pequena cidade industrial no Minho onde a ideia de passar pela vida com anseio de fazer  música – ou qualquer outra arte, para o efeito – era, ainda nos anos 2000, relativamente  exótica; e na margem estética, forjados na energia inconformista do punk, sempre pontuados por uma característica melancolia que serviu de fio condutor até à identidade sonora presente e que os tem vindo a demarcar de classificações mais evidentes. No princípio, fugir da margem era um incentivo poderoso para fazer música e era o tema  fundamental do lirismo associado – “How to get out? Out of this town?”, cantavam em  Columbine. 
Gótico Português é, se não um regresso, um olhar apreciativo da margem. Há um Portugal  a fervilhar na margem, abundante em manifestações culturais interessantes e bizarras, rico e diverso em tradições visuais e orais. Onírico, criativo e surpreendente. Há um Portugal  esquecido na margem, sedento de representação mas obstinado, que se arregaça para  ocupar de forma inventiva o vazio deixado pelas carências materiais, culturais e metafísicas. Para os Glockenwise, quase como que por epifania, tornou-se claro o paralelo entre esta  atitude voluntarista e criativa – que vai da olaria de Rosa Ramalho às bênçãos de  Alexandrina de Balazar – e a cultura de música DIY que lhes permitiu  transgredir os limites que pareciam à partida impostos. 
Temas sobre a identidade de quem está na meia-distância, dividido entre a margem e o  centro, escritos para tempos de incerteza que requerem ainda mais canções.

en
Glockenwise were formed on the margin. On the geographical margin, in Barcelos, a small industrial town in Minho, where the idea of going through life yearning to make music - or any other art, for that matter - was, even in the 2000s, relatively exotic; and on the aesthetic margin, forged in the non-conformist energy of punk, always punctuated by a characteristic melancholy that has served as a thread running through to the present sonic identity and which has been demarcating them from more obvious classifications. In the beginning, escaping from the margin was a powerful incentive to make music and was the fundamental theme of the associated lyricism - "How to get out? Out of this town?" they sang in Columbine. 
Gótico Português is, if not a return, an appreciative look at the margin. There is a Portugal simmering on the margin, abundant in interesting and bizarre cultural manifestations, rich and diverse in visual and oral traditions. Oneiric, creative and surprising. There is a forgotten Portugal on the margin, thirsty for representation but obstinate, which strives to inventively occupy the void left by material, cultural and metaphysical deprivation. For Glockenwise, almost as if by epiphany, the parallel between this voluntarist and creative attitude - which stretches from the pottery of Rosa Ramalho to the blessings of Alexandrina de Balazar - and the culture of DIY which allowed them to transgress the limits that seemed imposed from the start became clear. 
Themes about the identity of those in the middle-distance, divided between the margin and the centre, and written for times of uncertainty which require even more songs.

credits

released February 17, 2023

pt
Música por Glockenwise
Letras por Nuno Rodrigues, à exceção de Água morrente, com poema homónimo de Camilo Pessanha
Produzido por Glockenwise
Gravado e misturado por Cláudio Tavares
Gravações adicionais (Natureza e Lodo) por Nélson Carvalho, nos estúdios da Valentim de Carvalho
Masterizado por Miguel Pinheiro Marques (ARDA Recorders)
Fotografia por Renato Cruz Santos, realizadas no Museu de Lamas
Artes gráficas por Irina Pereira
Com os contributos de Filipe Louro, Manel Lourenço e Sérgio de Bastos

Os Glockenwise são Cláudio Tavares, Nuno Rodrigues, Rafael Ferreira e Rui Fiusa

(rosa e a terra), (rosa e o galo) e (rosa e a arte) são excertos de uma reportagem de 1968 por Carlos Simões em São Martinho de Galegos, concelho de Barcelos, com a ceramista Rosa Ramalho

en
Music by Glockenwise
Lyrics by Nuno Rodrigues, except Água morrente, with homonymous poem by Camilo Pessanha
Produced by Glockenwise
Recorded and mixed by Cláudio Tavares
Additional recordings (Natureza e Lodo) by Nélson Carvalho, at Valentim de Carvalho studios
Mastered by Miguel Pinheiro Marques (ARDA Recorders)
Photography by Renato Cruz Santos
Graphic design by Irina Pereira
With contributions by Filipe Louro, Manel Lourenço and Sérgio de Bastos

Glockenwise are Cláudio Tavares, Nuno Rodrigues, Rafael Ferreira and Rui Fiusa

(rosa e a terra), (rosa e o galo) and (rosa e a arte) are excerpts from a 1968 report by Carlos Simões in São Martinho de Galegos, municipality of Barcelos, with ceramist Rosa Ramalho.

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